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Mostrando postagens de junho, 2009

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24) Tentações de Adriel

Levei Maise para casa um pouco após. Tínhamos que dormir cedo para a viagem amanhã, mas ficamos conversando e quando vimos era tarde já. Ia embora já, ao menos ia fingir ir. Desde aquela noite da festa de Antônio e especialmente após a quase queda da árvore acostumei-me a passar as noites na cabana, vendo-a dormir. Não era realmente necessário e nem ela sabia, apenas quando tentava ficar em casa sentia-me agitado, nervoso e ansioso. Só acalmava-me ao vir aqui. Naturalmente estava envergonhado com a fraqueza de minha força de vontade. Minhas melhores intenções desabavam quando o assunto era Maise. Parecia que todos os séculos de autodisciplina e rigor não existiram ou simplesmente desapareceram e ainda não entendia completamente como isto poderia ser. - Adriel, fique comigo esta noite. – Pediu ela olhando-me cândida e inocentemente. - Fizemos um trato, lembra-se? Concordei com a viagem e a mudança provisória desde que as coisas entre nós permanecessem como estavam até meu retorno de Cel

23) Beijo

- Depois, Maise, prometo. Talvez amanhã. Hoje já te fiz chorar e ainda nem jantamos. - É verdade. Estou com fome. Voltemos ao jantar então. Tana fez uma paella simplesmente divina. Ainda bem que está no aquecedor. Você pode contar sobre teu trabalho durante a viagem. - Que viagem??? - Para São Pedro, onde eu morava. Preciso trancar a matrícula da faculdade, tomar providências com o apartamento, visitar o marchand de meu pai, ah... Tantas coisas! Você vai comigo, não é? Não quero dirigir até lá e preciso ir de carro para trazer tudo que quero. Podemos sair de manhã bem cedo, logo após a praia. Acho que em dois dias resolvemos tudo. - Maise!!! Você não ouviu nada do que falei? - Lógico que ouvi. Você disse que não sabe quanto tempo ficará aqui na Terra e que indo embora vai deixar de ser “você” e passar a ser parte “deles”. - Só contei isto para que entendesse porque seu plano de ficar aqui em Portal não era viável. - Pois seu raciocínio está tortíssimo e agora sim é que não saio daqui

22) A verdade sobre Adriel

- Maise! – Ela não estava à vista, mas assim que chamei apareceu na porta da varanda. - Humm... Você está lindo com estas calças jeans e camiseta preta. Sabe que é minha roupa predileta? – Perguntou despudoradamente como sempre, enquanto pegava meu braço e levava-me em direção à mesa. Sentamos. - Você também está linda hoje. Mais do que linda, deslumbrante. – Sentia cheiro de Tana neste jantar. O que estava acontecendo aqui? - Querida, o que estamos comemorando? - Decidi ficar em Portal do Sol. Não vou mais voltar a morar na cidade. Quero ficar com você e Tana, no lugar onde meus pais se conheceram. Quero ficar aqui. É meu lugar. Não acha que merece uma comemoração? - Você só está aqui há algumas semanas. Não é pouco tempo para uma decisão tão importante? - Não tenho nada na cidade mais importante do que o que tenho aqui. - E a faculdade? Fará falta para você em sua pintura e talvez futuramente em sua carreira. - Não. Meus professores não se incomodarão de continuar orientando por emai

21) Jantar Romântico

Tirei os sapatos assim que estacionei o carro. Ao sair desatei a gravata, abri o colarinho da gravata e estava já tirando o blaizer ao entrar em casa, desesperado para me ver livre daquelas roupas sociais e para ver Maise. Procurei encurtar minha ausência para não ficar muito tempo longe, mas mesmo estas poucas horas foram demais. Estava desabotoando os botões da camisa quando a vi. Ela estava colocando flores na mesa de jantar, usando um vestido azul curto e sandálias altas que destacavam pernas e quadris e quando me ouviu, virou-se. Parei atordoado, sem conseguir respirar direito. Estava linda! O vestido acompanhou seus movimentos, ondulando ao redor de seu corpo como uma carícia e desejei ser aquele pano, mesmo que jamais conseguisse a tocar de forma tão leve. Seu rosto estava diferente, com os olhos maiores e mais azuis. A boca estava levemente rosada e como que molhada e precisei de alguns segundos para controlar o impulso de beijá-la e sentir com meus próprios lábios a maciez que

20) Desejo

Uma semana passou vertiginosamente sem que eu percebesse. Os dias corriam rápido demais desde aquele dia em que acordei na casa de Adriel e que ele declarou-se, desajeitado e confuso. Levou-me para conhecer sua casa. A decoração era composta por móveis contemporâneos mesclados com uma ou outra peça mineira antiga. Pouco vidro e plástico, sem linhas retas, muitas curvas, criando um ambiente aconchegante e acolhedor. Fiquei surpresa por encontrar alguns móveis clássicos do design mobiliário brasileiro, como a Mole de Sérgio Rodrigues e alguns exemplares dos Irmãos Campana, os gurus dos materiais inusitados. Como estudante de arte não apenas conhecia como acompanhava com devoção esta forma de arte. Comentei que dos móveis deles que admiro só faltou mesmo a poltrona de ursinhos de pelúcia que era minha paixão. Ele riu e disse que não combinava muito com sua reputação. Tive que concordar aos risos. Não bastassem os móveis, a casa era repleta de arte, em sua maior parte contemporânea ou mode

19) A Rainha dos Povos Encantados

(narrador) Saindo da casa de Adriel, Tana seguiu para as árvores na lateral da casa e após poucos minutos chegou ao portal que dava entrada à Etera, o reino dos povos encantados. Atravessou-o rapidamente, saindo na estrada principal. Passou pela Vila dos Gnomos, com pequenas casas entremeadas nas árvores e pela minúscula Cidade das Fadas construída em flores e plantas, chegando ao Lago das Ondinas. Nem esperou pelo barco-cisne e voou até o centro, uma pequena ilhota onde estava o Castelo de Etera. Eileen estava na sala do trono ao lado do Príncipe Elros e vários membros da Corte dos Encantados e viu a fada Tana entrar apressada, pedir uma audiência privada à Fada-Rainha Selena e quando esta aquiesceu, retirarem-se para a câmara particular. Ficou alheia ao burburinho que se instalou, com várias conjecturas do motivo da conversa. Ela bem podia imaginar qual o assunto. “Anjo intrometido e fada fofoqueira!” – Murmurou entredentes, mas não tão baixo. Elros, seu noivo elfo e o principal cons

18) Declaração

Cheguei à cozinha quando Tana já estava com a mão na maçaneta da porta de saída. - Aonde vai? - Ai, menino! Já não disse para não me assustar deste jeito, andando assim silenciosamente? - Não mude de assunto, Tana. O que sabe sobre o medalhão e onde está indo apressada deste jeito? - Não sei de nada sobre ele. Só achei bonito. E estou indo... – Parou por um segundo procurando uma desculpa satisfatória, mas a conhecia bem demais para me deixar enganar. Ela não sabia mentir direito. - Não sairá daqui enquanto não me contar tudo. - Postei-me em frente a porta. - Adriel, menino, sabe que não faria nada ruim, não é? Não quero te contar porque ainda não tenho certeza. É isto que estou indo verificar. Deixe-me ir e na volta contarei tudo. - Contar o quê? - Acho que aquele medalhão pode ser o que a Rainha aguarda há mais de 20 anos. Preciso contar a ela. E também sobre a tentativa de assassinato da menina. Ouvi quando te falou. Parece ser um dos nossos. Cabelos brancos e orelhas pontudas são c

17) Café da manhã com Adriel

Ao abrir os olhos a primeira coisa que vi foi Adriel, sentado em uma poltrona na lateral da cama, parecendo adormecido. Fiquei alguns instantes admirando-o. Como era possível que fosse ainda mais belo de olhos fechados? - Adriel. – Chamei baixinho. Ele abriu os olhos e sorriu, levantando-se e vindo para mais perto. - Oi. Tudo bem? – Perguntou. Lógico que estava tudo bem. Como não estaria acordando com esta visão e se ele sorria daquele jeito? Queria acordar assim todos os dias de minha vida. - Sim. Tive um sonho esquisito. Não me recordo direito. Parece que tinha um gatinho. – Não ia contar que ele me salvava de uma queda e que me agarrava a ele como cola super bonder e menos ainda do quanto tinha gostado de estar em seus braços. - Onde estou? É sua casa? Por quê? – Olhei para o quarto, admirando a elegância da decoração em tons pastéis, com alguns toques de rosa. Clássico e feminino, sem exageros. Só podia ser sua casa, mas duvidava que fosse seu quarto. - Não foi um sonho, Maise. Aco

16) Ternura

Ao chegar em casa encontrei Liah, o anjo responsável pela terra, fauna, flora e Elementais deste principado (*). Apesar de não sermos tão íntimos ele era o mais próximo de um amigo que tinha por aqui. - Hei, Liah. Tudo bem? – Estava contente em o ver antes de partir. Apertamos as mãos amigavelmente. - Hei, Adriel. Soube que está indo para Celes. Gostaria que levasse algumas espécies novas que andei coletando. Pode ser? - Claro. O que quiser. – Ele estava sempre em busca de mutações genéticas em plantas que enviava para estudo de nosso grupo de cientistas. - Obrigado. E você? Qual o motivo da viagem? Aconteceu algo novo? – Provavelmente estava se referindo ao meu trabalho. - Não. Estamos naquela fase de calmaria que antecede as grandes tempestades e quero aproveitar para desintoxicar um pouco enquanto ainda posso. – Seria bom falar com alguém sobre Maise, mas ele entenderia? - Está pesando? - Um pouco. Tenho andado meio confuso com alguns sentimentos e penso que possa ser por conta da i

15) Um gatinho em apuros

Acordei me sentindo um pouco dolorida por dentro, mas melhor, mais conformada. Meus pais estavam mortos e isto não mudaria. Aquela etapa feliz de minha vida havia acabado. Agora era tentar buscar o melhor para esta nova vida que começava. Estava neste lugar especial, sentia-me em casa e isto já era algo. Melhor do que estar na cidade onde me sentia tão só. Aqui tinha Antônio e os aldeões que foram receptivos e hospitaleiros. Tinha um espaço aberto, era só querer preencher. E por enquanto ao menos, era aqui que ficaria. Tinha paz e aconchego. E Adriel, lógico. Fiquei pensando nele enquanto preparava meu café da manhã e depois quando o tomei na varanda. “Que gracinha é!” – Lembrei de sua gentileza ontem comigo, em todos os momentos. “E o tratei de forma tão displicente, enquanto ele foi um perfeito cavalheiro. Até beijou minha mão e abriu a porta do carro! Meu Deus, que homem! Bom... Sem contar que é um gato! E que gato!!!” – Lembrei dos detalhes todos de seu rosto e de seu corpo e decid

14) Visita noturna

Ainda era noite. Depois que deixei Maise em casa, tentei relaxar tocando. Apesar de ter escolhido uma composição que combinava com meu estado de espírito, não consegui me abandonar à música. Também não consegui me prender na leitura. Nada parecia capaz de tirá-la de minha mente. Acabei me dando por vencido. Sentei na varanda com o céu estrelado sob minha cabeça e o ruído pacificador no mar ao fundo e deixei os pensamentos vagarem a vontade. E mesmo isto não foi o suficiente. Ao contrário, apenas aprofundou o desejo de estar novamente com ela, ao menos próximo. Foi quando cometi a insanidade de voar até sua cabana, apenas para estar perto. Estava trapaceando, enganando-me. Sabia disto. Não iria conseguir apenas ficar do lado de fora, mas seria demais admitir isto inteiro. Tinha que engolir pequenas partes de cada vez desta esquisita doença que me tomava o controle assim. Exceto por uma fraca luminosidade, parecia que já tinha ido dormir. Fiquei em sua varanda alguns momentos, tentando o

13) O Baú de meu pai

Suspirei aliviada quando Adriel se foi. Estava difícil esconder a emoção. Desde o primeiro minuto que vi o baú, soube que iria desmoronar e não queria ninguém - muito menos ele - por perto quando isto acontecesse. Desatei a falar para me distrair o suficiente até estar só em minha cabana. “Ainda não.” - Pensei. Não queria me entregar às saudades neste momento. Primeiro queria ver tudo que tinha ali dentro. Antes mesmo dele sair já tinha tirado as peças de roupa que estavam por cima, protegendo os papéis e objetos de baixo. Peguei primeiramente um rolo grande de telas. “O que papai pintara enquanto estivera ali?” – A ansiedade me queimava, mas o levei até a mesa abrindo com cuidado para não correr o risco de estragar. Depois de tanto tempo guardadas, não sabia o estado em que estavam. - Mamãe! – Exclamei surpresa ao reconhecer nela a jovem retratada na primeira tela, estranhando sua juventude. “É lógico, anta!!! Você nem tinha nascido ainda!” – Ri ao perceber minha estupidez e a obser

12) Descobertas

Antes que chegássemos à pista de dança Antônio nos chamou dizendo ter uma surpresa para Maise. Fomos até uma espécie de depósito, cheio de móveis velhos, livros e outros objetos. Apontou para um canto e mostrou um caixote grande, dizendo: - Maise, não tenho muito mais a dizer sobre seu pai do que já contei ao telefone. Ele era muito discreto. Apareceu um dia, vindo de algum lugar ao sul e disse estar procurando um lugar que tivesse a luz certa para pintar. Hospedou-se na cabana que era minha na época e algum tempo depois fez uma oferta irrecusável. Declarou-se apaixonado pelo local e que estava pintando como jamais conseguira antes. - Nunca falou sobre parentes ou recebeu visitas? – Ela quis saber. - Não que eu tenha visto, ao menos. Ele permanecia semanas sem aparecer na vila. E quando vinha era mais para comprar mantimentos. Vez por outra dizia que precisaria ir até a cidade e algumas vezes enviou pacotes grandes pelo correio. Creio que eram suas telas. - Você viu as pinturas? - Vi v